A ADOLESCÊNCIA – A busca de um Caminho

Os problemas que os pais enfrentam com filhos na adolescência são extremamente complexos para reduzirmos a fórmulas do tipo: os dez passos para conviver com adolescentes, ou sete dicas para melhorar a convivência no lar, ou ainda cinco coisas que você deve saber sobre adolescência.  Pensar em modelos desta natureza é minimizar a visão sobre o tema ADOLESCÊNCIA, pois seria tão maravilhoso que as crises da puberdade pudessem ser resolvidas com dez passos, sete dicas, ou qualquer outra fórmula mágica.  Pessoas são diferentes entre si porque o ser humano é único; logo, a ideia que todos entrarão numa forma e se conformarão a ela me assusta, é uma utopia.

Sendo assim, acredito que o máximo de informações, bons livros, palestras, conhecimentos e vivência sobre o assunto ADOLESCÊNCIA devem ser o alvo para pais, cuidadores e professores envolvidos nesta fase do desenvolvimento humano. Também considero que é um grande erro, sobretudo praticado pelos  pais,  deixar a adolescência chegar sem terem se preparado para o tema, sem terem adquirido a consciência de que este período é decisivo e quase que determinante para todos os demais períodos da vida de seu filho.

Comparo a adolescência a uma viagem onde os pais, no início, estão no volante, mas necessitarão confiar este volante nas mãos dos filhos em algum momento do percurso.  Como copilotos que são, aos poucos, os adolescentes, em determinados trechos, assumem a direção.  Quanto mais se aproximam do fim da jornada, tanto mais terão adquirido a devida destreza para pilotar a própria vida sem que os pais estejam por perto.

Quem vai pela primeira vez a algum lugar sempre tem dúvidas, pode errar uma rua ou outra, mas se tiver um GPS ao seu lado, terá a rota corrigida, o que garante a finalização do percurso.

Lembro-me de certa vez que estava viajando sozinho e sem o recurso do GPS. Subindo

a serra de Petrópolis, ocorreu um nevoeiro que se intensificou, forçando-me a parar o carro por trinta minutos, aproximadamente. Eu não sabia em que ponto sairia da estrada, então, eu necessitava de ler as placas, caso contrário, passaria do ponto de saída e haveria consequências. Assim deveria ser o relacionamento entre pais e filhos adolescentes.  Os filhos, os condutores de suas vidas, os pais as placas indicativas da direção para determinado destino.

Interessante que quando motoristas desavisados não seguem as placas, três coisas podem acontecer: 1) pegar a primeira indicação de retorno e corrigir o curso. Este é o comportamento previsível; 2) ignorar o retorno e tentar chegar dando uma volta maior. Alguns fazem assim, talvez para maquiar a falha, mas às custas de um desgaste desnecessário,  já que chegarão no mesmo lugar de qualquer jeito; 3) e a terceira hipótese é também a que traz o maior prejuízo, não utilizar o retorno e não conseguir achar o caminho alternativo que o leve ao destino, se perdendo completamente da rota traçada inicialmente.

Isto foi só uma metáfora da relação entre pais e adolescentes, cuja complexidade não se pode reduzir apenas a ela. Porém,  se os pais entenderem que é normal os filhos terem práticas pessoais, dissonantes do modelo paterno, então,  a relação ficará bem melhor. Na adolescência é momento de “errar” e “acertar”  pelas próprias convicções, no processo de construção de uma identidade fora do modelo paterno. Começar a pensar esta fase a partir do pressuposto que adolescentes “normais”  no processo de construção da identidade adulta, se distanciarão do modelo de seus pais já é um bom começo. Até o próximo texto.

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