A QUE PONTO NÓS CHEGAMOS

Geralmente meus textos não tem um tom de crítica, mas de conscientização, aportes teóricos para a compreensão dos relacionamentos entre pais e filhos na infância e adolescência.  Há um ano atrás, aproximadamente, fiquei impactado com o noticiário, quando apresentou a reportagem dos atos de vandalismo dos Alunos da Escola Dois de Dezembro em Fortaleza no dia 29/08/18. Professores ficaram com medo de trabalhar por causa das ameaças dos alunos envolvidos, supostamente, com facções criminosas, já que siglas e palavras de ordem foram pichadas nas paredes, nomes de professores, e coisas do gênero.

Eventos como este demonstram aonde pode chegar o adolescente sem limites, vivendo numa sociedade que se caracteriza pela fluidez das relações. O ensino destes limites foram negligenciados nas primeiras fases do desenvolvimento infantil.  A família de hoje apresenta uma falha na formação/estruturação da nova geração.  Na vacância de uma teoria para  enfrentar o desconhecido mundo infantil, cada pai/mãe/cuidador acabou por fazer o que acha mais certo, agindo por intuição, por desespero, ou, ainda acionando os mecanismos de defesa da negação, vivendo como se o problema não existisse. Há também os que fantasiam com a ideia de que comportamentos inadequados na infância serão magicamente transformados com o tempo e tudo irá para o seu lugar por si mesmo.

Os pais precisam entender que são para os filhos como um princípio organizador. É a primeira “sociedade” que os filhos encontram pela frente após o nascimento. Sociedade que vai lhes introduzir ao mundo externo à família. O sujeito antes desta exposição ao macro cosmos social necessita vivenciar experiencias positivas neste pequeno grupo social, sua própria casa. No emaranhado de hipóteses para explicar comportamentos inadequados, há aqueles que atribuem grande responsabilidade à herança genética; pode ser que sim, mas, segundo os conhecimentos da epigenética, os fatores predisponentes precisam dos fatores precipitantes disponibilizados no meio que proporcionem o “startup” desta herança genética.  Ou seja, em qualquer hipótese, o meio familiar é preditivo, até certo ponto, das futuras vivencias do sujeito.

Defendo a ideia que deveria existir uma escola para pais, antes da paternidade/maternidade chegar, onde futuros pais não só seriam despertados para um senso de missão, como também seriam empoderados com o conhecimento teórico relacionados às fases do desenvolvimento infantil nas três grandes abordagens mais conhecidas disponíveis até o momento: abordagem psicossocial de Erik Erikson, a abordagem psicossexual de Freud e a abordagem cognitiva de Jean Piaget. Sem tais conhecimentos, a paternidade/maternidade, hoje, não tem condição de produzir um resultado melhor do que aquele que estamos presenciando.

Bem, aos pais que já estão vivendo os transtornos de um relacionamento complicado, estressante com os filhos, enquanto esta escola não chega, procurar um profissional psicólogo, habilitado e competente, talvez seja a atitude mais acertada.

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