Ansiedade - COMPREENDENDO SEU DESENVOLVIMENTO

A ansiedade e o medo são mecanismos de autoproteção da espécie humana. Logo, ter uma dose de medo ou ansiedade, a princípio, não é um quadro patológico, mas um complexo mecanismo de sobrevivência inato, que capacita o ser humano a lidar com o seu meio, como resposta à adaptação aos estímulos positivos e negativos.  Aliás, medo e ansiedade, costumeiramente, é uma dupla inseparável. Difícil imaginá-los sozinhos, pois um provoca o outro.   No entanto, quando a ansiedade e o medo não estão ligados aos institutos de sobrevivência, mas tem origem nos valores culturais, os pensamentos e comportamentos sofrem influência do que se reconhece culturalmente como melhor, adequado, importante, desejável para alcançar o “sucesso”.
 
Nesse contexto, numa sociedade materialista, as pessoas colocam o foco de sua atenção na aquisição de bens e serviços no momento de estabelecer suas regras e valores pessoais.  Quando a economia de mercado dita os valores dos indivíduos, as pessoas aprendem a expressar suas necessidades e sentimentos por meio de insumos.  
 
Em sociedades ocidentais materialistas, como a nosso, é comum encontrarmos pessoas desejando aquilo que não podem ter, adquirindo financiamentos desnecessários ou dobrando a carga de trabalho para comprar a sensação de sucesso e bem estar. As crianças, desde cedo, são ensinadas a pensar num futuro longínquo completamente desvinculado de sua realidade atual, tendo que responder a perguntas como:  ‘o que você vai ser quando crescer?’, ou ‘quem é sua namorada?’ ou ainda, ‘com quem você vai casar?’.  Na verdade, são perguntas que qualquer criança tem dificuldades para responder, mas culturalmente aceitáveis na sociedade materialista. 

Desta forma, mais frequentemente em meios urbanos e em sociedades materialistas, é fácil entender por que as pessoas desenvolvem níveis elevados de ansiedade, uma vez que boa parte dessa ansiedade é sustentada pelas expectativas culturais. Importante frisar aqui que uma sociedade materialista forma ansiosos e, não necessariamente, pessoas materialistas no sentido definido pelo senso comum.  Então, o fato de sermos afetados por esse tipo de ansiedade não define que sejamos amantes inveterados de conforto e bens, por exemplo. Esse perfil patológico advém de uma condição que, muitas vezes, sequer conhecemos, de uma construção sociocultural da qual fazemos parte e que automatiza, sutilmente, nossos pensamentos, ações e comportamentos sem que nos demos conta.
 
Concluindo, é bom lembrar que não há nada de mais ser um pouco preocupado. Se na medida certa, com a intenção de se proteger, evitar problemas, se organizar. Todavia, quando tais pensamentos e comportamentos repetitivos nos fazem perder horas do dia, prejudicando as relações interpessoais, impedindo de viver a vida de maneira equilibrada, é o momento certo de se procurar ajuda especializada.