
doenças psicossomáticas
Quem já não ouviu um relato do desfecho estressante de uma separação conjugal, onde havia filhos pequenos envolvidos? Em algum momento da narrativa, alguém se refere à tristeza da criança durante o processo de separação e a uma repentina enfermidade que a acometeu… estamos falando de como as emoções levam o corpo ao adoecimento, ou como o corpo expressa as emoções. Daí, não é incomum que o casal, após a recente separação, tenha que levar, pelos menos um dos filhos ao pediatra, por conta de uma forte dor de garganta, febre, dermatite, infecção intestinal, dentre outros adoecimentos. Estamos falando aqui de doenças psicossomáticas.
Muitas vezes, uma fonte de estresse exerce pressão de maneira tal, que consegue romper com a capacidade habitual de tolerância do sujeito. O indivíduo, desprovido da capacidade de simbolização e de elaboração mental do conflito psíquico, termina por descarregar a tensão através de manifestações somáticas. Desse modo, o processo de adoecimento pode ser considerado como a busca de um novo ponto de equilíbrio para o corpo, assim como o sintoma neurótico representa a saída para um conflito psíquico.
Observe como vivemos em meio a várias doenças, principalmente nas regiões mais urbanas. O estilo de vida das grandes cidades promove forte carga de estresse, que, por sua vez, atinge o funcionamento do sistema imunológico, responsável pelas relações do indivíduo com o meio.
Quando este sistema encontra-se em desequilíbrio, o corpo perde a capacidade de permanecer íntegro, dando abertura aos agentes patogênicos e, em ato contínuo, fazendo aparecer os sintomas. Portanto, de uma forma bem simples, as doenças psicossomáticas estão diretamente ligadas à desorganização da vida individual e coletiva, gerando uma má qualidade nas interações do sujeito com seu ambiente. Nesse contexto, problemas sociais, como violência, desemprego, desigualdade social, competitividade no trabalho, dentre outros; e problemas pessoais, como separação, insatisfação profissional, excesso de autocrítica, baixa de autoestima, quando constituem questões que mobilizam forte carga emocional, podem redundar em sintomas fisiológicos conhecidos por doenças psicossomáticas.
O psicólogo, que trabalha com psicologia analítica, entende o ser em sua dimensão integral, onde biológico, psíquico, social e alma são indivisíveis. Entende o sintoma como um sinal de desordem ou desequilíbrio que reflete o estado de consciência do sujeito. Sob este paradigma, o papel do psicólogo é auxiliar o indivíduo na elaboração de suas emoções, de maneira que possa retornar ao equilíbrio psicofisiológico.
O adoecer psicossomático, na visão analítica de Jung, é compreendido como sinal que revela uma disfunção entre ego e conteúdos inconscientes, provocado por um complexo, que tem como objetivo levar o homem a reavaliar o sentido de sua vida e realizar correções.